O uso da Inteligência Artificial Generativa na Investigação Qualitativa
16 de julho - 17:30 | Hotel Don Manuel (Cáceres)
Uma das fronteiras mais intrigantes na investigação contemporânea é a aplicação da Inteligência Artificial Generativa (GenAI – da expressão inglesa Generative Artificial Intelligence) na investigação qualitativa. Esse avanço tecnológico oferece ferramentas que podem complementar o trabalho dos investigadores na geração de dados, desenvolvimento de simulações e na análise de informações complexas. Imaginar a capacidade de modelar entrevistas com avatares que aprendem e se adaptam em tempo real ou de gerar automaticamente códigos e temas a partir de vastas narrativas qualitativas.
No entanto, embora a GenAI possa aumentar a eficiência e revelar padrões inesperados, também levanta questões fundamentais relacionadas com a autenticidade e a fidedignidade dos dados. Como podemos assegurar que as ‘vozes’ criadas pela GenAI representem fielmente as perspetivas dos participantes da investigação? Qual é o impacto da GenAI na interpretação e na representação das experiências humanas?
Ao explorar o uso da GenAI na investigação qualitativa, é imperativo abordar essas considerações éticas e práticas. A mesa redonda propõe-se a mergulhar neste debate, procurando um equilíbrio entre o aproveitamento das capacidades inovadoras da GenAI e a preservação da integridade essencial da investigação qualitativa. Os participantes serão convidados a partilhar as suas visões e experiências no uso desta tecnologia emergente, visando um entendimento mais profundo do papel no futuro da investigação em ciências humanas e sociais.
A discussão pode estender-se à responsabilidade dos investigadores em garantir transparência no uso da GenAI. Ao utilizar tais ferramentas na investigação qualitativa, é crucial que os métodos de recolha e análise de dados sejam claramente documentados, permitindo a replicação e a compreensão dos processos envolvidos. Assim, como podemos desenvolver protocolos e diretrizes que garantam que a GenAI seja aplicada de maneira ética e responsável?
Outro ponto de debate é a capacidade de a GenAI contribuir para a inclusão e a diversidade nas investigações. A tecnologia poderia, potencialmente, oferecer insights em culturas e subgrupos sociais menos representados ou de difícil acesso. No entanto, é essencial reconhecer e mitigar qualquer viés embutido nos algoritmos da GenAI, que poderiam distorcer ou simplificar excessivamente a riqueza das experiências humanas.
Em última análise, o uso da GenAI na investigação qualitativa coloca-nos diante de um paradoxo: a procura pela inovação tecnológica e a necessidade de preservar a profundidade e a nuance que caracterizam o estudo qualitativo do comportamento humano. A mesa redonda será uma oportunidade para confrontarmos juntos este dilema, visando a integração consciente da GenAI que respeite os princípios éticos e melhore a qualidade e o alcance da investigação qualitativa.